
Todo mundo conhece o Mix de Marketing. Talvez não por esse nome, mas com certeza todo mundo já ouviu falar dos 4 P’s — Produto, Praça, Preço e Promoção.
A questão é que esse conceito foi criado por Jerome McCarthy em 1960, e popularizado por Kotler só entre 1967 e 1970, no seu livro Marketing Management. Ou seja: mais de cinquenta anos atrás.
Nessa época, várias “Praças” não existiam. E vários “Produtos” também. Aliás, até o P de “Promoção” foi reinventado com os cupons de desconto online, sendo que o P de “Preço” também passou pela revolução digital — hoje temos Pix, cartão, boleto online etc.
Então o Mix de Marketing vem mudando bastante. Tanto que ele inclusive foi atualizado para 8 Ps na virada do milênio.
Mas ainda assim, quem busca aplicar o Mix de Marketing vai encontrar um mundo único, criado pela marca, pelo seu mercado, seus clientes e seus objetivos de negócio.
É sobre isso que vamos conversar hoje. O quanto o Mix de Marketing muda em cada segmento, e como aplicá-lo em segmentos bem específicos, que só existem hoje pela internet.
Vamos lá?
Relembrando o Mix de Marketing

O Mix de Marketing foi criado por Jerome McCarthy em 1960, no seu livro Basic Marketing: a Managerial Approach.
Originalmente, esses eram os 4 Ps:
- Produto: o produto deve ser algo desejável pelo público alvo, ou já desejado;
- Praça: originalmente chamado de place, indica onde o produto está disponível;
- Preço: o produto deve sempre seguir o parâmetro básico de valor entregue pelo seu preço;
- Promoção: o negociante deve colocar seu produto no mercado através de estratégias de marketing e publicidade.
“Promoção” aqui, vale mencionar, são esforços de marketing, não necessariamente descontos. Alguns produtos, inclusive, nem se beneficiariam de descontos.
Porém, essa definição já precisava de atualização desde os anos 70. Em 81, Booms e Bitner propuseram mais outros 3 Ps:
- Pessoas: todas as empresas operam porque pessoas fazem a operação acontecer. Toda marca precisa ter as melhores pessoas para o seu perfil trabalhando com ela;
- Processos: além das pessoas certas, toda empresa precisa dos processos operacionais e logísticos corretos para oferecer uma boa experiência;
- Evidência Física (physical evidence): o produto entregue precisa existir no mundo, mesmo que ele seja um serviço. Por exemplo: ao realizar a manutenção do ar condicionado, a empresa está entregando o ar condicionado pronto como evidência física.
Esses sete Ps ainda tiveram outros desdobramentos desde os anos 80. A briga pelo “oitavo P” ainda está acontecendo, tanto que já temos vários outros Ps tão importantes quanto os originais.
Por exemplo:
- Posicionamento: a ideia que os consumidores têm da marca;
- Productivity: indica a necessidade de ter eficiência operacional. Surgiu no contexto dos CRMs e do marketing digital;
- Performance: um P contemporâneo, destacando a necessidade (e a facilidade) de medir os resultados de campanhas digitais;
- Partnerships: destaca a importância de parcerias e de ações conjuntas dentro do marketing digital.
➡️ Leia também: A grande lista de KPIs de marketing — os 13 mais importantes
Existem vários outros Ps, e a sua própria existência indica algo importante de mencionar sobre o que os Ps realmente são.
Acompanhe mais essa reflexão bem rápida. E depois, vamos seguir com o Antes da gente começar no texto, precisamos conversar melhor sobre o Mix de Marketing, só para lembrarmos de alguns pontos e determinar a linha teórica que vamos seguir no texto. do texto:
Os Ps são convenientes, mas as estratégias são customizadas
Não é que o marketing foi construído ao redor dos Ps. É que o Mix de Marketing, os Ps propriamente ditos, surgiram para explicar o marketing que já estava acontecendo.
Os Ps originais são uma prova disso. Eles determinam os elementos de sucesso de marcas dentro do varejo físico, em uma época que essa era a maior preocupação tanto do autor quanto dos seus leitores.
No momento da publicação já se falava sobre uma atualização para serviços. E hoje estamos tentando atualizar o Mix de Marketing para lidar com o digital.
Isso nos mostra o que o Mix de Marketing realmente é: uma esquematização de processos que ocorrem naturalmente dentro do marketing.
E é exatamente por isso que novos Ps vão surgindo. E eles precisam surgir, porque o marketing fica sempre mais variado, nunca menos.
Isso vai ficar bem mais claro agora, que vamos tratar da aplicação do Mix de Marketing em 5 segmentos diferentes.
Vamos lá?
O Mix de Marketing em produtos SaaS

Produtos SaaS são software as a service — software como um serviço.
Basicamente, você está contratando a licença para usar as funcionalidades de um produto digital, muitas vezes oferecido no próprio browser mediante login e senha.
É o caso da RD Station, da HubSpot, da Rock Content etc.
Os Ps aqui se tornam bem intangíveis. O Preço, por exemplo, se torna uma mensalidade.
A Praça se torna a internet inteira, e se mistura completamente com o contexto de Promoção por conta da Geração de Demanda.
É necessário reinterpretar esses Ps, e é isso o que vamos fazer agora. E não deixe de ler o último subtítulo, onde propomos os 7 Ps completos, junto com a sua aplicação específica para o contexto SaaS.
Vamos lá:
Aplicando os 7 Ps ao contexto SaaS
Nos produtos SaaS, o mix de marketing precisa ser traduzido para a lógica da recorrência e do serviço contínuo.
O Produto é, ao mesmo tempo, tangível (a interface, o software em si) e intangível (a experiência e os resultados que ele proporciona).
O Preço se torna uma assinatura, muitas vezes escalonada em planos e pacotes de funcionalidades.
O Ponto de distribuição (Praça) deixa de ser físico e passa a ser a web — marketplaces, redes sociais, e mecanismos de busca.
A Promoção assume um papel híbrido: ela é o funil de aquisição, mas também o canal de retenção.

Estratégias de Inbound, automação de marketing e campanhas de upgrade são fundamentais aqui. Já as Pessoas representam tanto o time de suporte e sucesso do cliente quanto o próprio usuário, que participa ativamente da entrega do valor.
Os Processos são o coração da operação SaaS: onboarding, atendimento e atualização contínua do produto definem a percepção de valor e o churn.
Por fim, a Evidência física se manifesta nos elementos digitais — o dashboard, os relatórios, o design da interface, a identidade visual — que comprovam a entrega do serviço e reforçam a confiança do cliente.
Os “novos” 7 Ps do SaaS
- Produto → Experiência
- Preço → Recorrência
- Praça → Ecossistema digital
- Promoção → Geração de demanda contínua
- Pessoas → Sucesso do client
- Processos → Onboarding e atualização
- Evidência física → Interface e performance
O Mix de Marketing em e-commerces

Os e-commerces são as interpretações mais simples do Mix de Marketing fora do padrão setentista que conhecemos.
Isso porque os e-commerces são do varejo, e os 4 Ps originais foram criados com o varejo em mente.
As diferenças, porém, são bem claras na sua aplicação.
Vamos entender melhor juntos:
Aplicando os 7 Ps ao contexto de e-commerce
O e-commerce representa uma atualização direta do modelo dos 4 Ps originais — só que acelerado, digital e orientado por dados.
O Produto aqui é totalmente mediado por tecnologia: fotos, descrições, reviews e demonstrações substituem o contato físico.
A Praça se expande para o digital, tornando-se o site, o app, o marketplace e até o WhatsApp.
Já o Preço é dinâmico — pode mudar em tempo real, com base em algoritmos, estoque e comportamento do usuário.
A Promoção também muda de natureza. Ela se torna performance, SEO, mídia paga, e-mail marketing e remarketing.
Não é mais apenas “divulgação”, mas uma operação de aquisição contínua, que alimenta o tráfego e as conversões.
As Pessoas se estendem do atendimento humano aos algoritmos de recomendação, chatbots e equipes de pós-venda.
Nos Processos, a fluidez é essencial: checkout, entrega, logística reversa e comunicação precisam operar em sincronia.
A Evidência física, por sua vez, é traduzida em experiência de navegação, design da loja, rastreamento da entrega e até a embalagem do produto — tudo comunica valor e confiabilidade.

Os “novos” 7 Ps do e-commerce
- Produto → Catálogo digital e experiência de uso
- Preço → Dinâmico e competitivo
- Praça → Ecossistema omnichannel
- Promoção → Performance e conteúdo
- Pessoas → Atendimento híbrido (humano + IA)
- Processos → Checkout e logística integrados
- Evidência física → Embalagem, design e pós-venda
O Mix de Marketing aplicado a serviços (com vendas online)
Só um momento para falar melhor sobre os 3 Ps oitentistas aqui. Perceba como eles trazem uma questão diferente e bastante revolucionária para os originais: a experiência.
“Pessoas” indica uma necessidade de investir em talentos para entregar o melhor possível para o cliente. E “Processos” segue a mesma ideia. Juntando os dois, temos uma preocupação bem fundamental com a experiência exposta nesses Ps.
Com as vendas online, isso fica ainda mais evidente.
É com esse entendimento que vamos prosseguir para a nossa análise. Acompanhe:
Aplicando os 7 Ps ao contexto de serviços com vendas online
Nos serviços, o mix de marketing ganha um peso completamente diferente: o que é vendido é intangível — uma promessa de resultado, de experiência, de cuidado.
Quando esse serviço também é vendido online, o desafio é transformar o intangível em algo visível, confiável e desejável.
O Produto é a experiência em si, desde o primeiro contato até o pós-atendimento. O Preço comunica valor e posicionamento — pode estar ligado a tempo (hora de consultoria), nível de suporte ou escopo do serviço.
Já a Praça é o ambiente digital onde a venda acontece: site, redes sociais, aplicativos, landing pages. O cliente compra confiança, e cada canal precisa transmitir essa segurança.
A Promoção se torna conteúdo e autoridade. Blogs, vídeos, depoimentos e cases são a vitrine do serviço.
As Pessoas são o ponto de contato humano — a equipe de suporte, os consultores, os profissionais que entregam o serviço. Elas constroem a percepção de marca em cada interação.
Nos Processos, o foco está na fluidez da jornada: agendamentos, onboarding, acompanhamento e feedback precisam funcionar sem atrito.
A Evidência física é a prova concreta de um serviço entregue com qualidade — pode ser um dashboard, um relatório, um certificado, uma plataforma bem desenhada ou até um e-mail de follow-up bem estruturado.
Os “novos” 7 Ps dos serviços online
- Produto → Experiência e resultado
- Preço → Valor percebido e modelo de entrega
- Praça → Canais digitais e ambiente de confiança
- Promoção → Conteúdo e autoridade
- Pessoas → Atendimento e relacionamento
- Processos → Jornada fluida e automatizada
- Evidência física → Provas de entrega e design da interface

Tudo pronto para implementar o Mix de Marketing específico para a sua estratégia?
A verdade é que nos tempos que vivemos hoje, sistematizações assim são naturalmente problemáticas.
O melhor é seguir a ideia que estamos propondo aqui no texto: cada segmento tem aplicações diferentes do Mix de Marketing, e até cada marca tem sua interpretação única.
Conheça os cases da Adtail para entender como colocamos tudo isso em prática. Vou ficar te esperando. Obrigado pela leitura!
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