
Até alguns anos atrás, falar sobre Voice Commerce era quase inútil no Brasil: os consumidores não pareciam muito interessados na tecnologia, não havia muito suporte em sites e dispositivos, e era até difícil saber por onde começar.
E enquanto isso, as estatísticas foram aumentando no mundo. Os E.U.A., logo depois da pandemia, chegou a movimentar alguns bilhões no e-commerce com compras feitas por voz.
Mas os avanços no Voice Commerce estão acontecendo por motivos quase tangenciais. Conforme as IAs vão se transformando em agentes, e conforme as pessoas vão dependendo cada vez mais delas o Voice Commerce ganha outra dimensão.
E essa outra dimensão pode “puxar” o e-commerce inteiro. Será que, de tanto comprar por voz nas IAs, os consumidores já vão esperar o Voice Commerce instalado por padrão nos sites?
E para quem quer começar na frente, o que é possível configurar hoje?
É isso o que vamos ver no texto de hoje. Tudo pronto para começar?
Resumo:
- Na primeira parte do texto, vamos conversar sobre estatísticas sobre o Voice Commerce, buscando entender se as pessoas realmente usam o recurso para comprar;
Estatísticas sobre o Voice Commerce nos últimos anos — as pessoas usam?
Para entender o uso do Voice Commerce no Brasil, primeiro precisamos entender outra estatística: o uso de assistentes de voz no geral.
Quem usa o WhatsApp sabe: brasileiros adoram se comunicar por áudio. Aliás, uma pesquisa recente da Opinion Box (Jul/25) mostrou que 80% dos usuários da plataforma no Brasil preferem enviar áudios.
Mas nem precisamos extrapolar esse dado para entender a preferência dos brasileiros. Em um estudo da Ilumeo, conduzido em 2025, foi constatado que:
- Entre 2020 e 2025, o número de brasileiros usando assistentes de voz saltou de 18% para 39%. Ou seja: mais que o dobro;
- O número de brasileiros que usa assistentes de voz todos os dias chegou a 40% em 2025 — quase metade dos entrevistados;
- 70% dos entrevistados diz usar assistentes de voz com mais frequência do que antes;

Esses números ajudam a entender o terreno onde o Voice Commerce começa a crescer. Afinal, é dentro dos mesmos ecossistemas de voz — Alexa, Google Assistant, Siri — que as compras por voz acontecem.
Temos um dado global sobre a popularidade do voice commerce, e como ela vem crescendo. Esse vem de uma pesquisa da voicebot.ai, divulgada pelo Kinsta. Acompanhe:

Segundo as fontes, 31% dos usuários chegaram a adicionar um produto no carrinho usando apenas a voz, e 44% chegaram a fazer pelo menos uma compra no ano analisado — 22% fizeram uma compra recorrente, e 22% fizeram uma compra de um produto novo.
Então entendemos: o contexto do Voice Commerce está bastante atrelado aos assistentes de voz. Mas que assistentes são esses?
Vamos conversar melhor sobre esse ponto logo abaixo. Acompanhe:
Quais são as formas de usar o Voice Commerce hoje?

Ou melhor dizendo: se um consumidor quer comprar usando apenas a voz, como seria esse processo? Por onde ele compraria?
Existem algumas possibilidades diferentes para trabalhar com o Voice Commerce, indo desde as mais básicas — assistentes de digitação para pessoas com deficiência, por exemplo — até as mais avançadas: dizer para o ChatGPT comprar um produto.
Só clarificando essa questão das IAs. No Brasil, ainda não é possível fazer uma compra diretamente pela IA, mas nos E.U.A. sim.
Todo o catálogo da Etsy e dos vendedores da plataforma pode ser adquirido diretamente pelo ChatGPT. Temos até um texto sobre isso:
➡️ ChatGPT Commerce? Conheça o Instant Checkout
Aqui, vamos fazer uma listagem das ferramentas mais usadas para o Voice Commerce hoje, mas já adiantamos: as IAs, por unir compras com assistentes de voz, saem na frente.
Assistentes de voz nativos (Alexa, Google/Gemini, Siri)
Fluxo típico: o usuário fala o pedido (“recomprar cápsulas de café”, “adicionar pilhas ao carrinho”) e o assistente encaminha para parceiros integrados.
Nos EUA, a Alexa tem “Voice Shopping” com compra direta. No Brasil, os dispositivos Alexa são amplamente vendidos e usados, mas a experiência de compra por voz depende de integrações locais do varejista.
No ecossistema Google, o Google Assistente está presente em celulares no Brasil, mas a experiência de compras não é seu carro forte.
Globalmente, o Google migra para o Gemini for Home (substituindo o Assistente) com capacidades conversacionais mais avançadas. Esse é provavelmente o caminho do Google para o Voice Commerce.
No iOS, a Siri realiza ações de compra dentro do ecossistema Apple (ex.: Apple Store), ilustrando o modelo “assistente nativo + varejista integrado”. A cobertura de lojas, porém, ainda é bastante limitada.
Quando usar:
- Recompras e itens padronizados;
- Listas/lembranças (“adicionar ao carrinho”, “repor tal item”);
- Acesso rápido sem navegação visual.
Observação Brasil:
Assistentes estão difundidos, mas o checkout por voz varia por parceiro/vertical. A maturidade é maior em mercados como EUA.
Apps com comando de voz integrado (Amazon, iFood e cia.)
Muitos apps permitem busca/comandos por voz dentro do próprio app. O Amazon Shopping tem voice search oficialmente documentado (microfone no app para buscar e navegar).
No iFood, há suporte a invocações por voz via Google no Android (“Ok Google, pesquisar [item] no iFood”), acelerando a etapa de descoberta.
Quando usar:
- Para pular digitação e chegar mais rápido ao produto;
- Em jornadas que continuam dentro do app (com pagamento nativo).
Observação Brasil:
É um caminho prático e já disponível hoje: voz para buscar → app conclui a compra.
Chatbots e assistentes de IA com voz (WhatsApp, sites e canais próprios)
Empresas vêm acoplando reconhecimento de fala + NLU (compreensão de linguagem natural) aos seus bots para vender via conversa.
Plataformas como Blip e Sinch suportam automação conversacional e casos de voz; a Blip, por exemplo, lançou recurso de transcrição de áudios do WhatsApp (facilita entender pedidos ditados).
No stack de IA, a OpenAI disponibiliza a Realtime API (voz-em-voz, baixa latência), usada para criar agentes conversacionais falados.
Caso brasileiro: o iFood testou um assistente de voz com tecnologia da OpenAI para clientes/entregadores — um passo claro rumo a jornadas de compra guiadas por voz dentro do app.
Quando usar
- Atendimento e vendas em canais já populares (WhatsApp, web/app);
- Catálogo guiado por conversa, com pagamento no próprio canal.
Integração com dispositivos IoT (casa e carro)
Dispositivos de casa conectada (geladeiras Samsung Family Hub com Bixby/SmartThings, TVs e smart speakers) aceitam comandos por voz, criando “atalhos” para listas de compras, lembretes e reabastecimentos.
No carro, assistentes veiculares como o MBUX da Mercedes permitem comandos de voz (navegação, chamadas, etc.); em mercados selecionados, começam a surgir integrações com serviços.
No Brasil, o uso é mais voltado a comandos do veículo/infotainment, com opções de assistentes como Alexa via acessórios (Echo Auto e similares) dependendo de disponibilidade/comércio local.
Quando usar
- Reposição de itens do lar a partir da cozinha/sala;
- Rotinas (“lembrar de comprar detergente”, “adicionar leite à lista”).
IAs generativas com checkout integrado (ex.: ChatGPT Instant Checkout)
O estágio mais avançado: compra direta dentro da IA. A OpenAI lançou o Instant Checkout no ChatGPT, com compras de vendedores da Etsy e expansão anunciada para mais de 1 milhão de lojistas Shopify — inicialmente disponível para usuários nos EUA, com planos de ampliar regiões.
A novidade vem sendo discutida na imprensa como o início do “agentic commerce”, com resultados iniciais e expectativas moderadas pelos analistas; ainda assim, é o melhor exemplo público de checkout por voz/IA fim-a-fim.
Quando usar
- Descoberta + seleção + pagamento dentro da mesma conversa;
- Provas de conceito e benchmarking — no Brasil, acompanhar para futura disponibilidade.
Quero vender por voz hoje — é possível?

Existem caminhos sendo construídos que vão em direção ao Voice Commerce, mas e quem quer vender hoje? É possível?
A resposta vai te desanimar um pouco. O Voice Commerce no padrão que estamos imaginando, uma situação quase Os Jetsons, ainda não é muito viável no Brasil.
É importante falar sobre isso porque grande parte do conteúdo na internet hoje fala sobre o Voice Commerce como se ele fosse uma grande realidade, que já está acontecendo e você, empreendedor, não está nem percebendo.
Mas não é por aí. A maior viabilidade hoje do Voice Commerce é a interpretação de áudios e atendimento via chatbots no WhatsApp.
Existe um outro meio quase viável, mas que ainda não está muito maduro por aqui, que é usando os assistentes — especialmente a Alexa, que já é conectada à Amazon.
Vamos discutir os três meios mais populares no mundo hoje de trabalhar com o Voice Commerce, e discutir a viabilidade de cada um para empreendedores que querem começar a configuração agora.
Acompanhe:
1. Usar o WhatsApp com comando de voz + chatbot
É o ponto mais acessível e funcional no Brasil hoje.
Você cria um chatbot que entende áudios (voz-para-texto) e responde automaticamente com ofertas, catálogos e links de pagamento.
Como fazer:
- Crie um bot no Take Blip, Zenvia ou Sinch, com integração de speech-to-text (Google Speech API, OpenAI Whisper, etc.);
- Configurar respostas automáticas para intenções como “quero comprar”, “preciso de” ou “quanto custa”;
- Integrar com seu e-commerce (VTEX, Nuvemshop, Shopify, WooCommerce) ou com links diretos de pagamento (Pix, Mercado Pago, etc.).
Vantagem: acessível a qualquer usuário — o brasileiro já usa o WhatsApp por voz.
Exemplo real: várias marcas de delivery e bancos já fazem isso — o bot recebe áudio, transcreve, identifica a intenção e envia o link de compra.
Limitação: o maior problema é que a compra, na maioria dos casos, não vai ser finalizada por voz. O bot pode enviar o link, mas o fluxo completo ainda tem muitos gargalos. É preciso estudar a fundo a escalabilidade da solução e aguardar novas features.
Possibilidade de uso: viável hoje
O WhatsApp é dominante e amplamente usado com mensagens de áudio.
Mesmo que o usuário não dite diretamente o pedido (ex.: “quero comprar uma blusa vermelha”), é possível:
- Converter o áudio em texto (via Whisper, Google Speech-to-Text ou AWS Transcribe);
- Interpretar o texto (via NLU, como Dialogflow ou GPT-5);
- Responder com links diretos de compra ou Pix.
Isso é 100 % viável no Brasil hoje, com empresas de todos os portes.
Inclusive o próprio WhatsApp Business API já é o canal mais usado para conversational commerce.
A questão maior é a integração do e-commerce ou marketplace escolhido. A maioria no Brasil ainda não oferece suporte.
Mas para sites próprios, é possível (porém trabalhoso) fazer essa configuração que mostramos aqui. Essa funcionalidade também é ótima para serviços, restaurantes etc.
2. Criar uma skill (Alexa) ou ação (Google Assistant)
É a opção mais “oficial” de Voice Commerce.
Você pode construir uma skill (no ecossistema Amazon) ou uma ação (no Google Assistant) para vender produtos via comandos.
Como fazer
- No Alexa Developer Console, crie uma skill personalizada que consulta seu catálogo ou API de pedidos;
- No Google Actions / Dialogflow, crie uma ação que responde a comandos como “quero comprar um presente na [sua marca]”;
- O sistema conversa com o usuário, mostra opções no celular e direciona para o checkout no seu site.
Vantagem: integração direta com os assistentes de voz mais usados no país.
Limitação: ainda não há suporte completo a pagamentos 100% por voz no Brasil — o fechamento acontece via link visual.
Possibilidade de uso: inviável no Brasil
Tecnicamente é possível, mas na prática o ecossistema é fechado e com baixo suporte local.
- A Amazon não permite ainda Voice Shopping no Brasil — o comando “Alexa, comprar…” só funciona nos EUA, Reino Unido e Alemanha.
- As skills comerciais exigem registro e certificação da Amazon, e não há suporte oficial para pagamentos em reais via voz.
- O Google Assistant / Actions on Google foi descontinuado em 2023; o novo Gemini / App Actions ainda não reintroduziu rotinas de compra direta.
Ou seja: dá pra criar uma interação por voz, mas não um checkout nem uma compra real.
Usa-se mais como catálogo falado (ex.: “fale com a [marca]”) do que como loja.
3. Usar IA conversacional com voz integrada (ChatGPT, Realtime API ou Twilio)
É o caminho mais avançado — e o que mais se aproxima do que será o Voice Commerce “pleno”.
Você pode criar um agente de vendas por voz que conversa com o cliente em tempo real, mostra produtos e envia o link para concluir a compra.
Como fazer
- Criar uma conta na OpenAI API e usar a Realtime API para receber e enviar áudio;
- Conectar essa IA ao seu banco de produtos ou loja (via API de e-commerce);
- Quando o cliente disser “quero comprar um tênis”, o sistema responde por voz e envia o link de checkout.
Possibilidade de uso: inviável no Brasil
A funcionalidade Instant Checkout da OpenAI (integração com Etsy e Shopify) está disponível somente nos EUA, por enquanto.
- Requer contas empresariais americanas e Stripe habilitado para OpenAI Payments.
- Não há previsão pública de liberação para o Brasil.
- Mesmo que houvesse, não há infraestrutura fiscal ou cambial para processar pagamentos por voz em reais via ChatGPT.
Em resumo: é um protótipo de “Agentic Commerce”, ainda sem aplicação prática no país.

De qualquer forma, com IA ou sem IA, com Voice Commerce ou navegação padrão, todos os esforços para o sucesso dos e-commerces que funcionaram até agora vão continuar funcionando.
E é por isso que você deve continuar investindo em estratégias que dão resultado agora, e ao mesmo tempo ficar de olho no futuro.
A Adtail recentemente bateu seu próprio recorde: a criação de um e-commerce VTEX em apenas 15 dias, junto à Max Love. Conheça o case para entender que estratégias nós usamos!
Obrigado pela leitura e nos vemos no próximo texto.
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